Nos últimos meses, a AEPSA tem dirigido uma série de acusões ao Electrão, consubstanciadas na interposição de uma acção judicial, uma queixa à Autoridade da Concorrência, e no envio de um comunicado à imprensa, entre outras entrevistas realizadas pelo Presidente da Associação. No contexto do que foi uma tentativa de enviesamento e deturpação da realidade por parte da AEPSA, o Electrão apresenta no presente esclarecimento, os factos associados às acusações referidas, bem como aos procedimentos e práticas da nossa Associação, para o desenvolvimento dos concursos para gestão de equipamentos eléctricos.

 

Crónica do concurso de selecção de recicladores 2021


Em 19 Julho 2021, o Electrão lançou os procedimentos concursais para selecção de recicladores para o ano de 2022 e 2023 para os equipamentos eléctricos usados recolhidos na sua rede nacional de locais de recolha. Os critérios para esta selecção incluem uma componente ambiental relacionada com a qualidade do serviço de reciclagem com um peso de 35% e uma componente económica de preço proposto pelo serviço destes operadores com 65%. Assim sucede já desde 2019, com uma natural evolução e melhoria deste processo.

Estes procedimentos ocorrem anual ou bienalmente, por regra no terceiro ou quarto trimestres do ano, por iniciativa do Electrão, e permitem identificar as empresas com o melhor binómio preço e desempenho ambiental para a reciclagem dos equipamentos eléctricos usados no ano ou nos dois anos seguintes.

A revisão do UNILEX, regime da gestão de fluxos específicos de resíduos, fora publicada 7 meses antes em Dezembro de 2020 com um conjunto de alterações muito relevantes para a actividade do Electrão, em particular no que dizia respeito ao planeamento do ciclo de aprovação da prestação financeira para o ano seguinte.
Entretanto, na Assembleia de República, numa nova iniciativa de revisão do UNILEX que viria a ser conhecida e publicada em 10 Agosto de 2021, estabelecia-se que seria a APA e a DGAE a determinar os critérios mínimos a observar pelos procedimentos concursais para selecção de operadores de reciclagem de fluxos específicos de resíduos. Coincidentemente, neste mesmo dia 10, o Electrão recebeu, pela primeira vez nos últimos 7 anos, um contacto da AEPSA com questões relativas a estes procedimentos concursais.

O prazo de entrega de propostas do procedimento concursal do Electrão tinha sido fechado no último dia de Julho, o processo de análise, comparação e últimos esclarecimentos de propostas esteve em curso no mês de Agosto. O Electrão recebeu propostas de todas as empresas de reciclagem portuguesas com quem tínhamos tido até então um histórico de relação.

Em 13 de Outubro, o Electrão comunica a adjudicação às empresas vencedoras e recebe dias depois uma resposta inaudita de não aceitação da adjudicação e de não manutenção das propostas apresentadas, por parte de cada uma das empresas concorrentes que são associadas da AEPSA. Todas as restantes empresas aceitaram, naturalmente, a adjudicação para a qual tinham concorrido e apresentado proposta de serviço de reciclagem.

No ínicio do mês de Setembro o Electrão havia recebido uma acção de contencioso pré-contratual intentada pela AEPSA requerendo a anulação e suspenção dos procedimentos concursais, sobre a qual não irei discorrer pelas razões óbvias.

Entretanto, num processo que se iniciou em Setembro e concluíu em Outubro de 2021, foram publicados pela APA os tais critérios mínimos a observar pelos procedimentos concursais para selecção dos operadores de reciclagem. Em abono da verdade, estes novos critérios pouco alteravam a arquitectura dos procedimentos anteriores promovidos pelo Electrão, apesar de se reconhecer o impacto do reforço da ponderação da componente ambiental para 50%. Na sua grande maioria, se não todos, os critérios de avaliação do desempenho ambiental já eram os utilizados, apesar de ser manifesta a desadequação da aplicação destes critérios ao fluxo das embalagens usadas.

O Electrão iniciava então um novo procedimento concursal em Novembro para as tipologias dos equipamentos eléctricos usados relativamente às quais não tinha assegurado uma empresa de reciclagem no primeiro procedimento de Julho e conformava o seu procedimento com estes novos critérios.

Apesar de uma participação bastante alargada de empresas de reciclagem, foi um resultado surpreendente as duas únicas empresas portuguesas com processos de reciclagem de frigoríficos, com um histórico relacional de mais de 15 anos com o Electrão, não terem apresentado qualquer proposta ou justificação para tal.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

1. Há um caos no sector de reciclagem dos equipamentos eléctricos usados?
2. Os concursos do Electrão para selecção de recicladores não respeitam a legalidade?
3. Os concursos do Electrão para selecção de recicladores estão sujeitos às regras da contratação pública?
4. Os concursos do Electrão para selecção de recicladores respeitam os princípios da igualdade, transparência e livre concorrência de mercado?
5. Existe algum relatório de inspecção da IGAMAOT que impute o Electrão de conduta lesiva?
6. Os tribunais não responderam em tempo útil às acções interpostas pela a AEPSA?
7. Há gravíssimas consequências ambientais e para a saúde pública?
8. Está em causa a subsistência da indústria nacional de reciclagem e de postos de trabalho?
9. Como são validados os concursos para selecção de recicladores do Electrão?
10. Como são auditados os recicladores do Electrão?
11. Existe algum conflito de interesses no caso do auditor dos recicladores ser a mesma pessoa que valida os procedimentos concursais de selecção do Electrão?
12. Quem são os recicladores selecionados pelos concursos de 2021 do Electrão?

Mais Informações:
Ana Matos – 962 249 488, ana.matos@electrao.pt